Conselheira Tutelar de Rondônia e artista, Angela Carneiro, fala sobre sua participação como paciente oncológica no livro "Cada minuto Importa".

28/11/2022

 Angela da Silva Carneiro Constâncio, 

Tem 27 anos e nasceu na cidade de Cacoal interior de Rondônia e atualmente mora em Novo Horizonte D'Oeste- RO, casada e mãe de um menino. Filha de Celino Mendes Carneiro e Aparecida de Lourdes da Silva, tem quatro irmãos. Atualmente está finalizando o último período da graduação de Licenciatura em Artes Visuais e trabalha de Conselheira Tutelar no município de Novo Horizonte D'Oeste.

Como foi escrever "Cada Minuto Importa"?

O livro intitulado CADA MINUTO IMPORTA, foi um projeto criado pelas administradoras do grupo "Unidas Venceremos", grupo este formado por mulheres que passam ou passaram pelo tratamento de câncer. A ideia do livro surgiu da administradora do grupo Durcelei Fernandes que compartilhando sua ideia com as demais administradoras: Sibele, Andreia e Rozangela resolveram colocar em prática esse projeto lindo reunindo assim 20 histórias reais de pacientes oncológicas com a intenção de compartilhar histórias de superação servindo de inspiração, de informação e prova evidente de que é possível sim superar qualquer adversidade quando se acredita na força da vida, independente da duração do tratamento, seja ele curativo ou paliativo.

Quando recebi o convite para participar do livro não pensei duas vezes em aceitar, sendo esse um sonho de infância "Ser Escritora", porém jamais imaginei que a história a ser contada fosse a minha. Não vou dizer que colocar a minha história no papel foi uma tarefa fácil, relembrar os momentos de dor e angústia foi doloroso, mas esse período foi um período de terapia para mim, a cada palavra a cada frase formada eu percebia o quão grande eram os cuidados de Deus na minha vida e percebi que nada do que aconteceu foi por acaso, tudo tinha e têm um propósito e eu decidi seguir o propósito de Deus em minha vida.

Quando o desenho artístico entrou na sua vida?

O desenho artístico faz parte da minha vida desde que me entendo por gente, desde meus cinco anos de idade já demonstrava um interesse muito grande na área artística, aos 17 anos de idade fiz meu primeiro curso de Desenho Artístico e desde então venho me aperfeiçoando na área. Já fiz diversas pinturas para pessoas da região e também para outros Estados brasileiros, além de ter participado de uma premiação artística internacional, onde enviei e apresentei minha arte para o Museu Pinacothèque localizado no Grão-Ducado de Luxemburgo. Sei que Deus tem um propósito ao entregar este talento em minhas mãos por isso sigo me aperfeiçoando cada dia mais e assim realizar minha missão de vida.

O trabalho de detetive particular, sempre foi muito ocupado por homens. Como tem sido exercer essa profissão, sendo mulher?

A profissão de Detetive entrou na minha vida como uma questão pessoal quando eu tinha 17 anos de idade, após meu pai ter sofrido dois infartos e no último ele ter delirado chamando pela mãe dele (minha avó) que ele não via há mais ou menos quarenta anos. Pedi à Deus que me ajudasse a reencontrar a família biológica do meu pai e um dia após sonhar que tinha conseguido encontrar meus familiares eu coloquei esse sonho em ação. Fui pesquisando sobre o assunto, fiz um curso de Detetive Particular pelo grupo SEIP do Estado de São Paulo e assim pude ter acesso a mais informações e assim consegui localizar minha avó paterna, além de encontrar tios, tias, primos e primas, em seguida também localizei o irmão da minha mãe (meu tio) que ela não via há mais de trinta e cinco anos. Desde então foquei mais na área de localizar pessoas desaparecidas e assim sempre que posso procuro me especializar mais na área para assim poder ajudar outras pessoas.

Essa profissão é realizada na maioria das vezes por homens, mas as mulheres vêm cada vez mais ganhando destaque na área de investigação sendo bem-vista na profissão, mas pela profissão ter algumas áreas arriscadas muitos acabam não se especializando em todas as áreas que são permitidas por lei.

Infelizmente, todos os dias inúmeras pessoas descobrem que foram diagnosticadas por algum tipo de câncer. Como você encarou essa notícia? E qual a mensagem que você dá para outras pessoas que também estão passando por isso?

Quando senti o primeiro sinal do câncer de mama (nódulo) eu tinha apenas 24 anos de idade. Até chegar ao diagnóstico foi muitas idas e vindas de médicos, procurei segunda, terceira e quarta opinião até chegar a uma médica que finalmente me examinasse e me encaminhasse para o lugar certo. Desde o primeiro momento que senti o nódulo senti que era a doença, tanto pelas características quanto pelo meu histórico familiar, mas devido a pouca idade os médicos acreditavam ser impossível ser a doença. E sendo assim, somente seis meses após o primeiro sinal da doença fui diagnosticada com câncer de mama.

Em janeiro de 2021 recebi o resultado das biópsias e para mim foi uma sensação de alívio, pois finalmente poderia iniciar o tratamento, apesar da notícia ser uma das piores que alguém possa receber, eu me senti feliz, pois tinham sido meses e meses de luta até chegar no resultado, tudo isso foi possível graças a minha insistência e teimosia em encontrar o diagnóstico correto.

Nesse período é normal sentir medos, dúvidas e angústias, pois é uma fase que mexe muito com a autoestima da mulher, tanto na questão de saúde, quanto pelas mudanças físicas que acontecem devido ao tratamento, no meu caso perdi os cabelos, unhas, engordei alguns quilos devido a grande quantidade de corticoides que precisei fazer uso e faço até hoje. Mas é uma fase passageira, cabelos e unhas crescem, devemos aproveitar essa fase como um momento de aprendizagem em nossas vidas.

O recado que deixo para quem estiver passando por essa fase na vida é que o câncer há muitos anos deixou de ser uma sentença de morte, hoje temos tratamentos avançados que ajudam muito na expectativa de vida, sendo importante nos primeiros sinais da doença procurar ajuda, pois quanto mais rápido iniciar o tratamento mais chances tem de cura.

O diagnóstico é difícil, mas devemos levantar sacudir a poeira e seguir em frente. E sim, é possível ter vida durante e após um câncer e devemos aproveitar cada minuto da melhor forma possível.

Para as pessoas que não tem o hábito de ler, o que você recomenda? E por que é importante agregar a literatura na rotina?

Para aqueles que não têm o hábito de leitura, recomendo que comece o quanto antes, pois ler é uma terapia para nós. Para quem tem dificuldades em ler, recomendo que faça leituras sobre assuntos que goste e leituras pequenas, torne isso uma rotina, procure um ambiente tranquilo e confortável e quando perceberes já se tornou um leitor assíduo.

É de suma importância agregar a literatura na nossa rotina, pois ela é um instrumento de comunicação e interação social muito importante para nosso desenvolvimento na sociedade, sendo considerada a arte da palavra, sendo importante caminho no conhecimento de vários assuntos, desde culturas e até comunidades diferentes.

O livro "Cada Minuto Importa" pode ser adquirido na livraria Nobel, localizada no Shopping de Cacoal-RO e também com uma das administradoras do grupo "Unidas Venceremos" pelo telefone abaixo:

Durcelei: 69 98455-8630