Escritora Carioca, Daiane Jordão, fala sobre seu livro "Superar e ser feliz: uma escolha diária" que será lançado nessa semana.

07/12/2022

Daiane Jordão Alves,

Mulher negra, de 26 anos, carioca com DNA mineiro e baiano, ariana do bem como dizem seus amigos, filha/neta da Dona Maria Adriana Jordão Alves, filha do Moysés Alves, tia da Sophia Alves(seu grande amor), irmã da Alice Jordão, noiva do Diego Silva, mãe do Théo (seu filho de quatro patas), futura mamãe da Luiza ou do Pedro, escritora, professora formada da educação infantil ao ensino fundamental I, mediadora escolar, contadora de histórias, pedagoga em formação pela UERJ/FFP, pesquisadora em narrativas autobiográficas e africanidades.

"Amo estar com a minha família, com o meu amor, com os meus amigos, amo cozinhar, dançar, viajar, ler, estudar, ir a teatro, ir a museus, ao cinema, amo o mar, amo admirar o pôr do sol, amo mergulhar e contemplar sua imensidão e tantas outras coisas mais. Aprendi a ler e a escrever com três para quatro anos. Minha avó que me alfabetizou. Iniciei minha vida escolar em um colégio católico chamado Santo Antônio, na rua em que morava. Em Jacarepaguá, no Pechincha. Sou filha e neta de professores. Minha estrelinha era professora alfabetizadora e meu pai é professor de História. A leitura e a escrita sempre estiveram presentes em minha vida desde que me entendo por gente. Minha avó e meu pai, sabiam da importância de ambas para o meu desenvolvimento como um todo. Sempre tive muito apoio e incentivo em casa para estudar, para realizar cada sonho meu."

O sonho da avó (Dona Maria Adriana Jordão Alves) de Daiane, além de professora, era ser escritora. Daiane dizia para ela que quando crescesse iria realizar esse lindo sonho. O "Superar e Ser Feliz: Uma Escolha Diária" é uma biografia da autora e dedicado à sua avó/mãe que tanto cuidou e formou a filha/neta com amor. 

"Nosso sonho realizado como conto no livro. Convido à todos a adquirirem essa obra linda e emocionante. Deixo aqui um trecho do meu/nosso tão sonhado livro." 

João do Rio, em seu livro "A alma encantadora das ruas", diz que a vida é construção de afetos e trocas diárias. E é verdade, é impressionante como transformamos a vida das pessoas com simples palavras e muitas das vezes nem sequer nos damos conta disso. Tanta gente que passa pelo nosso caminho e deixa um pouquinho de si. Assim a gente deixa de ser só a gente e vai virando um monte de gente em uma pessoa só. Aí está a magia da vida, a alegria de viver, de se reinventar, de se recriar, de aprender e ensinar.

O lançamento será dia 08/12/2022, às 18 h, local casa das pretas:
Rua dos Inválidos, 122, centro do Rio de Janeiro.

Autora revela que o poema "Não sei, de Cora Coralina" foi o escolhido para compor o livro.

Prefácio - Superar e ser feliz: uma escolha diária

Por Marilene Antunes Sant´Anna 

Conheci Daiane em uma das salas de aula da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, localizada no bairro do Patronato, em São Gonçalo. Apesar do tempo já decorrido - há mais ou menos cinco anos - lembro bem desse dia. Era a primeira aula para a turma dela na disciplina de História da Educação e sempre fico ansiosa nesses momentos. Como será a turma? Será que vão interagir nas aulas? Vão gostar dos textos selecionados? E, o planejamento? Pronto ou quase pronto? Enfim, era o primeiro dia e acredito que as estudantes (só me lembro de alunas na sala) também tinham suas expectativas.

Daiane se sentava na primeira fila de cadeiras na minha frente, perto da janela que dava para o estacionamento da faculdade. Desde o início, durante todo o tempo da aula, fez comentários, perguntas, contava suas experiências e, principalmente, me encarava, com olhos atentos, quase fixos, em tudo o que eu falava. Logo, ganhei afeto por aquela menina, olhar de curiosidade, postura ativa, que me interrogava várias vezes, em todas as aulas. Fomos nos descobrindo nas rodas de conversa, na apresentação dos grupos, no final dos encontros. Um dia, saindo da faculdade, perguntei se queria uma carona para o Rio de Janeiro. Ela aceitou e, nessa travessia, por vezes repetida, principalmente no final do turno da noite, Daiane me confidenciou a dura rotina que tinha como mulher negra, moradora distante do local onde estudava (um cálculo rápido no google me informa que o trajeto de Daiane para a FFP tem mais ou menos 70 km de extensão só de ida e mais de duas horas de deslocamento nos trens e ônibus da cidade), trabalhadora da educação, filha, irmã mais velha, cuidadora da casa, e, principalmente neta de Dona Maria Adriana. Os leitores e leitoras conhecerão desde o início do texto a força e o exemplo de Dona Maria na vida da neta. Sua avó foi sua grande incentivadora e era para ela que Daiane dedicava, em nossas conversas, a maior parte do tempo e admiração.

Nas páginas que seguem, nos deparamos com um relato doído de uma menina que não conviveu com seus pais biológicos, aprendeu muito cedo a realizar as tarefas domésticas e a cuidar da casa e dos familiares mais próximos e que enfrenta, até hoje, muitas dificuldades. Mas, ao mesmo tempo, temos em nossas mãos, uma história de vida pautada pela esperança, sensibilidade e muita determinação em perseguir e alcançar seus sonhos. E, uma de suas aspirações, nas suas próprias palavras, era começar o "tão sonhado curso de Pedagogia, o tão sonhado curso de formação de professores" (p. 10). Na autobiografia de Daiane é também possível acompanhar o despertar para a profissão docente, nos exemplos colhidos da avó e do pai que a criou e a impulsiona até hoje, no gosto pelos livros e pela contação de histórias, dentre outros aspectos que compartilha com os(as) leitores(as). É também através da escrita autobiográfica, método de trabalho promovido e bastante praticado no curso de Pedagogia da FFP, que acompanhamos sua trajetória como professora desde muito jovem e, para além disso, caminhamos com ela na própria constituição do que sabe sobre si e do que ainda pretende alcançar. Como ela mesma nos conta, "sou essa menina-mulher em constante evolução, professora, pesquisadora, pedagoga em formação e agora, arranhando, engatinhando na escrita, na construção de livros." (p.9).

Enfim, convido a todos e todas a conhecer um pouco da história de vida da Daiane e a se emocionar com sua sensibilidade em acreditar em Deus, nas pessoas e em dias melhores. Mas, não se engane. Nas entrelinhas do relato que segue, não persistem somente mensagens de acolhimento e/ou de força enviada aos outros para continuarem nas suas lutas. Mais do que isso, o que temos aqui, é a descoberta de um processo de autoestima em pleno desenvolvimento de uma jovem que se supera todos os dias. Para concluir, sobre o que estou chamando de autoestima, remeto à definição do psicoterapeuta canadense Nathaniel Branden, citado por bell hooks, em seu livro "Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática", lembrado por mim ao longo da leitura da narrativa construída por Daiane:

"a auto estima é a confiança em nossa habilidade de pensar, confiança em nossa habilidade de lidar com os desejos da vida e confiança em nosso direito de sermos bem-sucedidos e felizes, o sentimento de ter valor, de merecer, de ter direito a afirmar nossas necessidades e desejos, alcançar nossos valores e aproveitar os frutos de nossos esforços" (2020, p.190)