A Flip homenageia Maria Firmina dos Reis

Depois de dois anos acontecendo de forma virtual, a Festa Literária Internacional de Paraty - Flip, retoma a forma presencial na sua 20a edição, que acontecerá de 23 a 27 de novembro. A homenageada desse ano será nossa Célebre Maria Firmina dos Reis (1822-1917), considerada a primeira romancista negra do Brasil. Desde que se formou professora em 1847, a maranhense manteve um posicionamento ativo contra o regime escravagista, mesmo tendo sua voz oprimida por ser mulher e negra. Firmina foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público para professora no Maranhão, o que lhe deu mais estabilidade e credibilidade para que conseguisse publicar seu primeiro livro, Úrsula e é justamente sobre esse romance que falaremos agora.

O romance teve sua primeira publicação em 1859, mas ficou "esquecido" por décadas e sua segunda edição só saiu em 1975 graças ao historiador paraibano Horácio de Almeida que recuperou a obra em um sebo no Rio de Janeiro. Ao iniciar essa leitura o leitor contemporâneo pode sentir um certo choque linguístico, pois a escrita da autora se mostra extremamente sofisticada, beirando à poesia, mas isso vai se diluindo no decorrer da narrativa.

A história traz uma trama ambientada no regime escravocrata e ganhou destaque por ser o primeiro romance a dar voz a personagens negros de forma tão realista, ou seja, mostrando de fato o que o negro passava. Além de toda a importância histórica que esse romance tem, ele ainda traz uma análise humana, pois através das interações dos personagens encontramos o melhor e pior do ser humano.