Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem, livro de Maryse Condé nos convida a refletir sobre as religiões de matriz africana.

22/02/2023
Maryse Condé
Maryse Condé

Eu como boa amante dos desfiles de Escolas de Samba, acompanho todo ano no Carnaval carioca, a tentativa da maioria dessas escolas de trazer entendimento e respeito através de um resgate das religiões de matriz africana, que até hoje sofrem uma grande intolerância religiosa. Hoje trago a vocês a indicação de um livro onde a religião é determinante para o final dessa protagonista.

"Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem" é uma ficção histórica escrita pela Maryse Condé, escritora premiada de Guadalupe, ativista e feminista que se destaca por sua versatilidade entre os gêneros literários. Nessa obra a autora resolveu dar voz a esse mulher negra que foi negligenciada pela história, pois Tituba de fato existiu e foi acusada de bruxaria em 1692, no famoso caso das Bruxas de Salem junto com outras mulheres brancas. Em uma pesquisa aprofundada foram encontrados vários registros dessas outras mulheres, mas Tituba foi apagada desse cenário, sofrendo o famigerado apagamento histórico.

No livro a autora descreve uma protagonista forte, que vive escolhas difíceis e precisa lidar com as consequências dessas escolhas. A religião é algo muito presente e se torna um fator extremamente importante na história, pois além de ser uma herança da mulher que acolheu Tituba desde pequena, essas crenças passam a guiar sua personalidade e acabam determinando seu futuro.

Uma leitura impactante e pesada em vários momentos, mas ao mesmo tempo muito importante para que possamos entender como a mulher negra sempre esteve na última escala da sociedade, e que a maioria das mazelas que nós vivemos hoje são herança de uma época de muita injustiça e desigualdade. 

Livro: Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem

Autor(es): Maryse Condé

Editora: Rosa dos Tempos 

Valor: Capa comum R$30,90

Onde Comprar: Amazon

Páginas: 252 páginas

Idioma: Português

Lançamento: 7 outubro 2019

Dimensões: 22.8 x 15.4 x 1.8 cm


Sinopse da editora:

Livro premiado de uma das mais importantes escritoras negras da atualidade, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo)

Tituba, mulher negra, nascida em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Torna-se outra vez real, pelas mãos da premiada escritora Maryse Condé, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo). No início do livro, Maryse Condé anota: "Tituba e eu vivemos uma estreita intimidade durante um ano. Foi no correr de nossas intermináveis conversas que ela me disse essas coisas que ainda não havia confiado a ninguém." Da mesma forma, quem lê Tituba poderá ouvi-la falar, do invisível, desestabilizando estruturas cristalizadas, mediando novas concepções de identidades e culturas e protegendo as pessoas insurgentes. Aqui, essa personagem fascinante, é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por causa do mesmo homem branco. Cresceu sob os cuidados de uma mulher que tinha o poder da cura e que a iniciou nos mistérios. Adulta, apaixonou-se por John Indien e abdicou, por ele, da própria liberdade. Uma das primeiras mulheres julgadas por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692, Tituba fora escravizada e levada para a Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou. Mesmo protegida pelos espíritos, não pôde escapar das mentiras e acusações da histeria puritana daquela época. A história de Tituba é a história das mulheres da diáspora e do povo negro. É também a história de todas as pessoas que seguem a própria verdade, em vez de professar a fé do colonizador. É a história dos e das dissidentes e dos seres de alma livre. Por isso é uma história bela e complexa, cujo final, a despeito dos infortúnios, é sempre benfazejo, pois é a história dos que resistem.