Jornalista Glória Maria, a mulher negra que conquistou o Brasil e o mundo por ser extraordinária, nos deixou hoje.
Podemos dizer com todo o carinho e sentimento de gratidão que Glória Maria foi uma inspiração para nós mulheres da Revista Negra. Quando ainda éramos crianças, ver ela na televisão sendo ela mesma, falando com autoridade, se posicionando desde a vestimenta, tom de voz e postura, faziam nossos medos e inseguranças não serem os únicos adjetivos que nos definiam.
Glória Maria foi muito mais além, em sua profissão, ela poderia ser apenas competente, e graças a Deus que não foi, ela escolheu ser extraordinária. Deu voz a muitas mulheres pretas, representou muitas de nós com elegância, vivacidade e autenticidade. Sua passagem aqui na terra, nos deixou um legado de humanidade, de reconhecimento e de empoderamento. Vamos levar cada momento de sua vida em nossos corações.
Nós da Revista Negra declaramos luto por Glória Maria. O câncer de pulmão, que teve metástase no cérebro nos fez perder não só a primeira repórter negra a entrar ao vivo no jornal nacional, perdemos nossa eterna musa e apresentadora. Perdemos a mulher negra que abriu portas.
#vaiempazgloriamaria
Glória Maria,
Nasceu no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Graduada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), na década de 1960 foi princesa do bloco carnavalesco Cacique de Ramos. De acordo com Bira Presidente, ela conseguiu seu primeiro emprego quando foi, junto com o bloco, apresentar-se no programa do Chacrinha, na TV Globo. Após o apresentação, conseguiu um estágio na emissora, já que tinha concluído o curso superior. "O Chacrinha pedia sempre para eu levar a rainha e a princesa do bloco ao programa. Lá, a Glória comentou que precisava fazer um estágio, e ele gostou dela", recorda Bira.
Foi efetivada no departamento de jornalismo nos anos de 1970, e sua primeira reportagem para a TV Globo foi sobre a queda do Elevado Paulo de Frontin, em 20 de novembro de 1971.Não demorou muito para tornar-se âncora da emissora, apresentando vários programas jornalísticos como RJTV, Jornal Hoje, e Fantástico, que apresentou de 1998 a 2007, quando pediu uma licença de dois anos. Tornou-se conhecida pelas reportagens especiais e viagens que fez a lugares exóticos, como o deserto do Saara e a Palestina, dentre outras. Glória cobriu também a Guerra das Malvinas, em 1982.
Em janeiro de 2010, reuniu-se com os diretores de jornalismo da Globo, sendo então decidido que ela seria repórter especial do programa Globo Repórter, do qual participou por vários anos, algumas vezes como co-apresentadora, ao lado de Sérgio Chapelin, e posteriormente, Sandra Annenberg.
A jornalista veio a falecer no dia 2 de fevereiro de 2023 em decorrência de um câncer após ficar afastada por mais de três meses do Globo Repórter. Sua última apresentação foi na edição de 5 de agosto de 2022.