A mistura entre o tradicional e o contemporâneo, o luxo da realeza africana e a singeleza da alfaiataria ganesa, foram destaque na passarela da 3ª edição do Amarê Fashion, que aconteceu entre os dias 07 e 10 de agosto, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia (Goiás). Designers de Gana, em collab com o brasileiro, filho de pai africano, Luiz do Nascimento DeLaja, apresentaram uma coleção rica em cores, cultura e história, que se destacaram por sua originalidade e encantaram o público presente.
A moda africana tem ganhado crescente atenção no cenário internacional e carrega muitas influências de origem ganesa, como o tradicional tecido kente, que tem origem no império Ashanti e era usado pela realeza, e os símbolos adinkras que transmitem mensagens de sabedoria ancestral e estão presentes desde a alta costura até a moda casual.
Através do projeto Modafrika, com apoio da Embaixada de Gana e da Busia Foundation, o Amarê Fashion apresentou coleções do designer ganense Samson Teye Amoah, além de uma coleção exclusiva produzida pelo designer brasileiro Luiz DeLaja, em parceria com um mestre alfaiate de Gana. Todos trabalharam com tecidos tradicionais do país africano, combinados com uma gama diversificada de materiais modernos e presentes na cultura brasileira, desde o upcycling até a incorporação da tecnologia em impressora 3D e a celebração do artesanato tradicional.
Na abertura do desfile a Embaixadora de Gana, Abena Busia, destacou a beleza de ver esse intercâmbio na moda, inspirado na herança cultural ganesa, com a modernidade e a conexão diaspórica com o Brasil. "Samson nos traz sua visão contemporânea de nossas roupas femininas tradicionais, a saia e o top combinados, que chamamos de "Kaba and Slit", usando a clássica estampa de cera conhecida em todo o mundo como "impressão em cera africana". Já Luiz Delaja, com sua origem brasileira e africana, nos mostra uma experimentação lúdica que destaca nossa antiga linguagem, através do simbolismo adinkra, com um designer moderno", conclui a embaixadora
A 3ª edição da Semana da Moda Goiana é uma realização do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Goiás) e governo de Goiás, que tem como objetivo promover um intercâmbio cultural e comercial entre o país e o estado.
O designer Samson Teye Amoah (@samson_kreation), da "Sampson Creations", usa as icônicas estampas de cera de Vlisco e Woodin - que se tornaram mundialmente famosas por causa do estilo das mulheres de Gana. São as vestes tradicionais Kaba e Slit, usados em ocasiões especiais como casamentos, aniversários, funerais e roupas para igreja. Apostando em tendências globais para um traje tradicional e nacional, Samson mostra como a moda está em constante evolução.
Samson nasceu e foi criado em Cape Coast, cidae de Gana. Ele desenvolveu a paixão e a habilidade para a moda ainda criança, inspirado por seu tio, que era alfaiate e costurou seus primeiros shorts e camisetas. A Samson Kreation é um centro de produção de moda com duas características marcantes: produção de roupas e instituto de treinamento. A produção de roupas estimula a criatividade e a inovação no campo da moda, enquanto o instituto oferece treinamento abrangente em design de moda e técnicas de costura.
Modelos assinados pelo designer ganês Samson Teye Amoah. Crédito Rodrigo Gavinho
filho de mãe brasileira e pai nigeriano, estudou moda em Gana e sempre misturou o tradicional africano com toques contemporâneos e modernos. Idealizador do projeto Experience Ghana Live (@experinceghanalive2.0) e curador do Modafrika, Luiz é capaz de mesclar várias sensibilidades criativas com experiência multidisciplinar de design.
Em sua coleção "Um ode à minha mãe", que estreou nas passarelas do Amarê Fashion, Luiz nos apresenta uma combinação irreverente, reinterpretando elementos culturais africanos em uma expressão atual. "Eu parto da minha herança da sabedoria africana e conecto com a tecnologia moderna e raízes brasileiras. Quero com isso deixar referências da nossa ancestralidade para as próximas gerações", afirma Luiz DeLaja.
Seu trabalho tem inspiração no artesanato de miçangas da cultura indígena brasileira, combinado ao kente ganês, que também é uma arte ancestral feita à mão. A coleção apresenta ainda versões das tradicionais pulseiras e colares de ouro dos reis Ashanti, produzidas em formato dos símbolos adinkras, impressos em 3D e com material biodegradável metalizado. Luiz, que também fez curso de sapataria no Senac, assina os sapatos desta coleção com estampas produzidas em Goiânia, com a Bassi Brasil Estamparia, fortalecendo a parceria de economia criativa entre empreendedores do continente africano e da moda goiana.
Coleção "Um ode à minha mãe" de Luiz Delaja. Crédito Rodrigo Gavinho
A moda africana está ganhando destaque global por sua autenticidade e riqueza cultural. Em Gana, a moda é um reflexo vibrante da identidade e tradição do país, caracterizada pelo uso de tecidos tradicionais como o kente e os adinkras. Estes elementos são frequentemente incorporados em peças modernas, criando uma fusão única entre o tradicional e o contemporâneo. Designers ganeses têm se destacado por sua capacidade de reinterpretar esses elementos culturais em roupas sofisticadas e inovadoras, promovendo uma moda que é tanto uma celebração da herança quanto uma expressão de estilo atual.
No cenário da alta costura e das passarelas internacionais, a moda africana está conquistando cada vez mais reconhecimento. Designers africanos, incluindo os ganeses, estão levando suas criações para eventos de moda de prestígio, como a Semana de Moda de Paris e de Nova York, trazendo uma nova perspectiva ao mainstream da moda. A inclusão de técnicas e estilos africanos nas grandes passarelas não só enriquece o panorama global da moda, mas também destaca a crescente influência da estética africana na alta costura. Essa visibilidade tem ajudado a destacar a moda africana como um campo inovador e dinâmico, celebrando a diversidade e a riqueza cultural do continente.
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