O livro da escritora Eliana Alves Cruz, faz um destaque à relação de empregadores e empregados em "Solitária".

11/01/2023
Imagem da internet
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Solitária de Eliana Alves Cruz

Nessa primeira resenha do ano trago a indicação de um livro que foi favorito de muitos leitores no ano passado. Solitária da nossa querida Eliana Alves Cruz, um romance contemporâneo que conta a história de Eunice e Mabel, mãe e filha que moram em um quarto de empregada no condomínio de luxo onde Eunice trabalha.

Escritora e Jornalista, Eliana já é destaque na literatura brasileira por seus livros e textos que contam nosso passado de massacre ao povo negro, mas nesse livro a autora traz um cenário atual e mostra que ainda sofremos de várias formas esse massacre. Colocando uma lupa na relação entre empregadores e empregados a autora enfatiza como essa relação é tóxica e que obviamente os empregados são vítimas diretas desse sistema injusto. Um problema que torna as classes mais baixas reféns desse sistema que poucos tentam combater. Esse livro mostra que as heranças escravocratas permanecem em nossa sociedade, um regime que mesmo com uma roupagem nova segue deixando marcas fortes e irreparáveis.

Injustiça, preconceito, valores invertidos, perda de identidade, são temas abordados na obra, de forma tão realista que conseguimos visualizar e exemplificar esses personagens lembrando histórias reais. A escrita da autora é fluida e assertiva. É a típica leitura que todo mundo deveria fazer, a história causa revolta, mas gera muitas reflexões. Vamos começar o ano pensando em tudo que a humanidade ainda precisa evoluir.   

Biografia da autora:

Eliana nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1966. Graduou-se em Comunicação Social pela Faculdade da Cidade em 1989. Fez pós-graduação em Comunicação Empresarial na Universidade Cândido Mendes. Trabalhou como gerente de imprensa da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e cobriu 15 campeonatos mundiais, seis Jogos Pan-Americanos e seis Jogos Olímpicos. Estreou na literatura com o romance Água de Barrela, baseado na trajetória da sua família desde o século XIX, na África. Foi a vencedora da primeira edição do Prêmio Literário Oliveira Silveira, oferecido pela Fundação Cultural Palmares em 2015. Publicou textos nas coletâneas Cadernos Negros (Quilombhoje); Perdidas: Histórias para Crianças que Não Tem Vez (Imã Editorial). Publica no site The Intercept, abordando temas relacionados ao racismo e à escravidão.