O pedido de ajuda de meu avô, antes de falecer, trouxe a tona os conflitos sobre mente e corpo e o medo de pedir ajuda que carreguei por anos - diz fundadora da Revista Negra.

07/03/2023

Empresária há 10 anos, mãe de um menino, 29 anos, autora de poesias e contos publicados em antologias pela editora expressividade e provérbio. Autora de 6 livro de ficção. Ghostwriter na Escócia, Espanha e Brasil. Fundadora da Revista Negra e mentora para autores iniciantes.
Empresária há 10 anos, mãe de um menino, 29 anos, autora de poesias e contos publicados em antologias pela editora expressividade e provérbio. Autora de 6 livro de ficção. Ghostwriter na Escócia, Espanha e Brasil. Fundadora da Revista Negra e mentora para autores iniciantes.

No meu último livro, "Feto no Meu Ventre", publicado pela Fryve Editora, exploro temas de identidade, cultura, redes sociais, relações conjugais e familiares. Durante anos, examinei cada um desses tópicos separadamente, sem perceber como minhas escolhas foram influenciadas por como eu queria ser vista, cuidada – não no meu estado atual, mas como uma criança de 10 anos de idade.

O conflito contínuo entre meu corpo e mente é algo com que lido constantemente. Embora meu corpo seja a manifestação física do que minha mente concebe e controla, ele não me define. No entanto, muitas vezes é julgado e condenado pelo que é visível para os outros, não pelos meus pensamentos e o meu "eu interior".

Recentemente, experimentei uma profunda perda quando meu avô faleceu. Vê-lo implorando por ajuda enquanto médicos e enfermeiros não faziam nada, desencadeou algo dentro de mim que venho evitando há muitos anos: a necessidade de ajuda. Qualquer ação ou oferta de ajuda me faz retrair, seguir outro caminho onde ando sozinha, mas esse evento me fez confrontar o fato de que não posso fazer tudo sozinha.

Mas em quem posso confiar?

Seria nos meus familiares? Que permitiram que um tio que me molestou e várias outras meninas circulasse pela nossa casa, nas festas de aniversário de todos as primas, mesmo depois de saber que se não fosse pelo vizinho, eu teria sido estuprada por ele, e vê-lo sendo convidado para jantares me deixou com medo, segurar sua mão para dizer adeus me fez ter pesadelos, lembrando do aperto dele na minha boca e partes íntimas?

Foi depois que meu avô faleceu que todos os meus pedidos de ajuda mental dos 10 aos 29 anos saíram de uma só vez. As perguntas que me incomodaram em duas semanas e me fez ficar deprimida foi: um fato familiar me definiu? Definiu minhas escolhas?

Quando criança, gradualmente me tornei menos dependente de minhas emoções e até meus 19 anos era financeiramente independente. No entanto, busquei relacionamentos com pessoas que me ditassem o que fazer. Eu me incomodava com as situações, sabia fazer e resolver as coisas sozinha, mas todos os dias me cercava de pessoas que continuavam a me dizer o que fazer. Eles eram os "donos" da minha verdade, ou era eu escondendo a verdade, que eu era uma garotinha no corpo de uma adulta, ainda em busca de orientação sobre como viver?

Essas ações inconscientes me levaram a mudar minha maneira de ser para me encaixar na vida do outro. Isso me levou a abandonar meus sonhos por anos e embarcar nos sonhos de outra pessoa. Isso me levou a um grupo de pessoas que verbalizaram sua admiração por minhas ações, mas elas realmente não entraram em meu coração porque minha mente ainda não havia colocado todas as peças do quebra-cabeça juntas, o merecimento de cada conquista ainda não era enxergada como minha.

Quando meu filho nasceu, muitas perguntas surgiram. Muitas perguntas sem respostas brotavam todos os dias da vida dele. Em agosto, ele completa quatro anos de idade. Em seus anos de vida, escrevi "A ruiva ao lado", "Não precisamos dele", "Minhas Escolhas", "A cor que vive em mim", "Aos olhos de uma criança" e, finalmente, "Feto no meu ventre", todos livros fictícios que transmitem uma peça de um quebra-cabeça da minha vida.

Com a escrita, aos poucos resgatei Taynara Melo, que antes gostava de falar com toda a satisfação que seu nome era Taynara Batista de Paula. Estou feliz que toda a identidade de quem me tornei hoje seja baseada em dar voz e espaço para outras pessoas, mesmo que eu tenha levado anos para dar voz a mim mesmo.

Como queremos ser vistos? Estou entrando em uma crise existencial por estar chegando nos 30 anos? É assim que as mídias sociais querem que nos comportemos? mostrar uma realidade feliz, plena e apenas de conquistas? É a cultura em que estamos que influencia nossas ações? Ou é apenas a nossa identidade construída na infância?

Minhas escolhas de relacionamentos, sejam eles de amizade, profissionais ou conjugais, minhas escolhas de roupas e lugares, minhas escolhas de deixar os outros cuidarem de mim ou não, começaram a partir de algum princípio que eu criei ou fui forçado a criar, para me proteger ou foi a necessidade de sentir amada e cuidada sem ter que exigir por isso.

Mas a minha verdade é que o meu corpo não me define, mas sim a minha mentalidade. Essa conexão consigo mesma e com os outros é um processo contínuo e requer trabalho constante. É preciso estar aberto a mudanças, a novas perspectivas e a sempre buscar evoluir. É importante lembrar que todos nós temos falhas e limitações, mas que isso não nos define como pessoas. O importante é reconhecer nossos pontos fortes e trabalhar para melhorar os pontos fracos.

A autovalorização não deve ser confundida com egoísmo ou arrogância. É sobre reconhecer seu próprio valor como ser humano e se permitir viver de forma plena e autêntica. Quando nos amamos e nos valorizamos, temos mais capacidade de amar e ajudar os outros.

Por isso, é essencial que cuidemos da nossa saúde mental e emocional, assim como cuidamos do nosso corpo físico. Devemos estar atentos às nossas emoções e sentimentos, e buscar ajuda profissional quando necessário. Se afastar de relacionamentos que busca constantemente apontar apenas defeitos. Esse fato me foi lembrado quando recusei voltar para a terapia.

Enfim, a verdadeira beleza não está na aparência física, mas sim na mentalidade. Quando somos capazes de nos amar e nos valorizar, somos capazes de espalhar amor e bondade ao nosso redor. E é isso que realmente importa na vida. Mas, para estar bem mentalmente, precisamos entender o passado, a raiz da plantação que tem te guiado.

Por Taynara Melo


Entre Palavras: Eu sempre gritei, mas ninguém nunca me ouviu.

Autora: S.S. Santos Ficha técnica do seu livro:  ISBN: 9786589922230 Páginas:134  categoria: poesia folhas amareladas  com orelhas  tamanho14x21  Editora: Vecchio  Sinopse: Histórias reais em poesia. Palavras que transmitem a dor vivenciada por pessoas que estão em prisões psicológicas. Verdades que machucam e acolhem. Um convite ao leitor para sentir e refletir. 

R$44,00

Livro Feto no meu ventre de Taynara Melo

Amélia é uma mulher negra em um relacionamento interracial. Nos dois primeiros anos de matrimônio, Caio Bertolini, seu marido, decidiu que queria ter um filho. Mas, Amélia não quis. Essa recusa causou uma rachadura na relação. Ao completar seis anos de casados, ela descobre que está grávida. Imersa em um profundo estado depressivo e negação. Amélia passa a questionar tudo: sua infância, o casamento e a vida profissional. Ela sente que precisa recomeçar. Por onde? Ela não sabe, mas descobrirá. Um drama com 188 páginas Classificação 12+ Capa em brochura Páginas amareladas Formato: 14x21cm ISBN 978-65-00-55203-4 Versão: Livro Físico Frete: Incluso no valor

R$51,65