Joice Pelegrino: Rompendo paradigmas e dominando a arte da venda sem medo.

27/06/2023
Joice Pelegrino
Joice Pelegrino

O primeiro passo é o mais difícil e é o mais marcante. Talvez você não se recorde da professora da segunda série, do segundo amor, mas o PRIMEIRO... O primeiro não esquecemos: primeira série, primeiro beijo, primeiro emprego.

Então, o que dizer para você primeiramente? SEJAM BEM-VINDOS! Esta é minha primeira coluna na revista Negra.

Decidi começar com minha história. Aliás, esse espaço é a contemplação do poder do coletivo, a tradução de sororidade, e espero que também seja uma pitada ou uma faísca para aflorar ainda mais seu conhecimento.

Prazer, sou Joice Pelegrino. O sobrenome chique é do meu esposo. Para algumas pessoas, sou tradicional demais por carregar o nome do marido. Para mim, é uma escolha, e todas as vezes que ouço meu nome, parece que sinto uma gota de afeto e reafirmação de minhas próprias e amadas escolhas.

Neste mundo, poucos têm o privilégio de serem chamados pelo nome e sobrenome, mas isso é assunto para adiante.

Embora o sobrenome soe um tanto quanto europeu, sou neta e filha de baianos. Venho de uma família humilde, mas como tudo é relativo, comparada à pobreza de quem não teve um teto para morar, eu posso dizer que fui privilegiada. Cresci em um lar com pai, mãe e irmão presentes, poucas posses, mas comida na mesa. Papai empregado na metalúrgica e mamãe na limpeza.

Ainda na adolescência, percebi que "nem só de pão viverá o homem". Confiava inteiramente na dualidade da fé e foco. Foco quando possível e ao meu alcance, e fé em Deus para alcançar o impossível.

Percebi então que a educação liberta, e para quem nasce pobre, livros e estudo são o nosso único grito de rebeldia. Através dos livros, a borboleta saiu do casulo.

Saí de Mauá, uma cidade relativamente pequena no estado de São Paulo, para o mundo. Visitei mais de 25 países, alguns negociando, outros me aventurando em descobertas, mas sempre voltei diferente do que fui.

Gosto muito da área comercial, desenhar estratégias, vender, negociar... Queria saber por que há faculdade de Contabilidade, Medicina, Engenharia, e não há faculdade de Vendas? Quem disse que vender é intuitivo? Quem disse que para vender é só contar uma mentira convincente e vai dar certo?

Ministro aulas na pós-graduação e sempre digo, contrariando as estatísticas, a verdade vende muito. Talvez a promessa venda rápido, mas não se sustenta no longo prazo.

Acredito que bons negócios só se constroem na base da confiança, e uma negociação boa é aquela em que ambos saem com a sensação de vitória. Por isso, trago em minha bagagem diversos JBP (Joint Business Plan) de sucesso de grandes e pequenas empresas, com aumento da rentabilidade em dois dígitos para as duas pontas: comprador e vendedor.

Sou do time que não busca Vender Mais, quero Vender Melhor. Às vezes, Vender Melhor pode ser diversificar o portfólio, analisar P&L, mudar o GTM ou até mesmo cuidar da experiência do cliente. Já negociei carros de luxo para o Haiti, panetones para muçulmanos e salgadinhos em farmácia. Inclusive, propus um combo de venda em uma rede de farmácia: "Compre Viagra e leve uma água de coco com 30% de desconto". Mas esse combo não foi aceito. Aliás, saber perder é tão importante quanto ganhar. Eu amei a ideia, teria aumentado muito o ticket médio, mas a rede de farmácias não aceitou.

Não negocio meus valores, família e bom humor. Aliás, a vida é curta para passar a maior parte dela emburrado. Se fosse para ninguém sorrir, Deus nos teria mantido banguelos.

Minha formação acadêmica em Comércio Exterior, especialização em Negociações Internacionais fora do país (Michigan – EUA) e MBA em Estratégia de Negócios me trouxeram uma boa base do caminho a seguir.

Enfrento o racismo em duas facetas e, se não fosse uma boa dose de humor, geraria uma forte crise existencial. Entre a negritude, alguns me consideram pele clara demais. Entre os brancos, sou preta demais. Parafraseando a Sandy na música "Mulheres de 30", "sou branca para ser preta e preta para ser branca". Não pertencer a uma tribo me fez entender as nuances de todas as tribos. Tenho a liberdade de, no mesmo dia, falar com o CEO de grandes multinacionais e com o "fio da Maria", como chamam os jovens da comunidade. Poucos são chamados pelo nome, como se a pobreza invisibilizasse a identidade.

Converso com os dois extremos da pirâmide. Como negra, mãe, mulher e inconformada com o status quo, tento fazer minha parte na construção de um mundo melhor, com diversidade e respeito.

Atualmente, tenho me dedicado a ajudar empresas a construírem estratégias de negócio crescentes no Brasil e fora do país. Aliás, o mundo tem mais de 7,8 bilhões de pessoas, e por que temos medo de exportar ainda? Por que o mundo não conhece nossos produtos? Chega de vender a imagem de Samba e Carnaval. Vamos mostrar ao mundo nosso potencial de negócio!

Matéria escrita por Joice PelegrinoHead de Expansão de Negócios, Mentora, Palestrante, autora da newsletter no LinkedIn Preta Pelo Mundo, sonhadora, sincera e mãe de dois . LinkedIn: Joice Pelegrino | Instagram: joice.pelegrino | E-mail: joice@jlpelegrino.com.br

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