Reflexões sobre masculinidade e resistência feminina, em “Canção para ninar menino grande” de Conceição Evaristo.

23/11/2023
Foto de Lucas Seixas / folhapress
Foto de Lucas Seixas / folhapress

No mês da consciência negra, vamos falar de mais um livro da nossa dama da literatura, Conceição Evaristo. Uma das obras mais recentes da autora, "Canção para ninar menino grande", traz uma reflexão direta sobre a masculinidade tóxica e o impacto nas mulheres diante desse cenário machista.

Na história, conhecemos Fio Jasmin, um homem negro, maquinista que, em cada parada, se envolve com diferentes mulheres, apesar de ser casado. A narrativa destaca o ponto de vista dessas mulheres sobre ele.

Conceição mostra como a sociedade naturalizou o domínio masculino, não apenas corporativamente, mas também emocionalmente. Fio foi moldado para reproduzir o que viveu, resultando em uma figura irresponsável e imatura, fruto de uma criação com um pai ausente.

A leitura evoca reflexões sobre mulheres fortes que, apesar do trabalho árduo, se envolvem com homens que não contribuem, refletindo desafios contemporâneos, como crianças sendo registradas apenas pelo nome das mães.

Conceição, mais uma vez, entrega uma obra poética e reflexiva, destacando a busca das mulheres por superação apesar das adversidades sociais.

Sinopse:

Trata-se de um mosaico afetuoso de experiências negras, um canto amoroso e dolorido. Na figura do personagem Fio Jasmim, Conceição discute com maestria as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros e os efeitos nas relações com as mulheres negras. O livro é um mergulho na poética da escrevivência e ao mesmo tempo um tributo ao amor sob uma ótica poucas vezes vista na literatura brasileira.

Biografia da autora:

Conceição Evaristo é escritora, ficcionista e ensaísta. Graduada em Letras com ênfase em Literatura pela UFRJ; mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, doutora em Literatura Comparada pela UFF. Sua primeira publicação foi em 1990 na série Cadernos Negros do grupo Quilombhoje. Dos sete livros publicados, cinco foram traduzidos para inglês, francês, espanhol, árabe e eslovaco. Em 2015, Olhos d'água foi vencedor do Jabuti na categoria Contos e Crônicas. No Salão do Livro de Paris, lançou as obras Ponciá Vicêncio e Insubmissas lágrimas de mulheres pela editora Anacaona, e Poemas da recordação e outros movimentos em edição bilíngue (português/francês) e Olhos d'água em francês pela Editora Des Femmes. Foi condecorada com o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra; Prêmio Nicolás Guillén de Literatura pela Caribbean Philosophical Association; Prêmio Mestra das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo; e homenageada com a Ocupação Conceição Evaristo pelo Itaú Cultural. Em 2019, teve três livros aprovados no PNLD Nacional; foi a escritora homenageada da Olimpíada de Língua Portuguesa pelo Itaú Social; e pelo Prêmio Jabuti como personalidade literária. Em 2022, tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, na USP. Conceição é mineira de Belo Horizonte e mãe de Ainá – sua especial menina.

Materia por Bárbara Rodrigues, influenciadora literária.

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