Sem Gentileza, obra de Futhi Ntshinglia fala sobre a luta das mulheres sul-africanas pela sobrevivência.

14/06/2023
 Futhi Ntshinglia
Futhi Ntshinglia
Colunista Bárbara Rodrigues, 14 de Junho de 2023.

O livro que falaremos hoje é mais um livro que retrata a luta das mulheres para sobreviverem ao mundo. Sem Gentileza é uma obra escrita pela sul-africana Futhi Ntshinglia, onde conhecemos Zola e sua filha Mvelo e as desventuras que a vida traz para essas duas personagens.

Futhi nos mostra nessa história, como as coisas são sempre mais difíceis para as mulheres e como elas precisam ter uma força sobrenatural para superar todas essas dificuldades e obstáculos, tendo que lidar com uma sociedade que favorece os homens e subjuga as mulheres.

Além das duas personagens centrais encontramos Nonceba, que faz um contraponto direto com aquela realidade, pois apesar de também ter nascido lá, ela passa muito tempo morando nos Estados Unidos, e embora uma parte de sua educação ter sido americana, ela faz questão de valorizar e manter suas raízes africanas.

A história traz muitos gatilhos, o mais recorrente é referente aos abusos sexuais sofridos por essas mulheres, a autora faz questão de relatar que esses assédios muitas vezes vêm de pessoas que essas mulheres confiam, inclusive ela nos apresenta um sistema onde as famílias levam suas meninas para fazer testes de virgindade, um dos motivos disso seria investigar possíveis violações, mas a sociedade é tão complicada que os resultados desses testes trazem um certo julgamento para essas meninas, elas passam a ser estigmatizadas.

Embora seja uma ficção a autora faz uma construção de personagens belíssima, descreve um cenário realista dos guetos sul-africanos, e aborda outros temas importantíssimos como as consequências da colonização, a disseminação do HIV e a pobreza extrema.

Um livro muito importante, pois apresenta uma outra cultura e nos faz refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres de uma forma global.

SINOPSE,

Em meio ao apartheid, nos guetos da África do Sul, mãe e filha precisam sobreviver em um ambiente marcado pela pobreza e pelo medo da aids. Este romance traz uma história de superação de cruéis adversidades, mas também conta a trajetória de libertação pessoal de uma mulher orgulhosa e de uma menina que se torna adulta cedo demais. Diante de uma sociedade machista que tenta anular suas existências, Zola e Mvelo lutam para que suas vozes sejam ouvidas. "Sem gentileza é uma leitura cativante e intensa que retrata a maneira como diferentes personagens oscilam entre o alívio e o desencanto conforme se relacionam uns com os outros. A trama extrapola os limites de raça, classe e fronteiras." Reneilwe Malatji "Em uma época em que o feminismo mal tinha palavras às quais se agarrar, Zola mantém-se sólida e determinada a seguir seus próprios princípios. E, se olhamos com atenção, encontramos em Mvelo a infância que, roubada tão precocemente, se fez durar um pouco mais ao subsistir na inocência de uma garota que se alimenta de esperança. Dispostas a abrirem mão da própria felicidade, essas mulheres só podem deixar à geração seguinte a crença em um futuro melhor, mesmo que seu único recurso seja contar com forças quase sobrenaturais. Nesse ponto, apesar de serem numerosas as diferenças, é possível traçar paralelos entre as realidades e as literaturas sul-africana e latino-americana. Aqui e lá, estão a resiliência, a força e o fato de, quando a vida se torna insuportável, somos capazes de recorrer ao mágico. Enquanto a Colômbia nos deu García Márquez e seu realismo maravilhoso, Moçambique nos brindou com Mia Couto e o fantástico, Futhi Ntshingila levanta sua voz com uma espécie de realismo místico no qual os espíritos ancestrais ainda são capazes de modificar o mundo. Em uma narrativa polifônica que se multiplica ao avançar, Sem gentileza nos permite conhecer mais de uma mulher, mais de uma África e mais de um tempo, um mosaico bem amarrado por firmes cordas de coragem." Julia Dantas

AUTORA,

Futhi Ntshingila (Pietermaritzburg, 1974) é uma escritora sul-africana. Formou-se em jornalismo pela Universidade de Rodes e escreveu no jornal The Sunday Times, de Joanesburgo. Fez mestrado em mediação de conflitos na Universidade de KwaZulu-Natal e abandonou o jornalismo para trabalhar no Escritório da Presidência, em Pretória. Em seus livros, procura preservar a memória das mulheres sul-africanas. (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.)


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