Ao longo da vida, tenho me questionado sobre minha verdadeira identidade. A incerteza tem sido uma constante, mas também uma oportunidade para aprender e evoluir, mesmo nas coisas mais simples, como compreender a dualidade entre o preto e branco.
Minha escrita é uma extensão de mim", afirma Taynara Melo, autora de "A Cor que Vive em Mim

É inegável que todo autor acaba por compartilhar um pouco de si em seus livros. Mas, para mim, essa conexão é muito mais profunda. Quando escrevo, gosto de usar minhas próprias experiências ou imaginar situações que me pareçam reais para criar histórias envolventes e cativantes. Eu me coloco na pele dos personagens e atuo, buscando sempre trazer um pouco mais de realidade na descrição.
Essa mania de colocar um pouco de mim em cada livro é algo que adquiri desde o momento em que comecei a escrever meu primeiro livro, A ruiva ao lado. E, desde então, todos os meus livros têm um pouco de mim. Os leitores sempre me relatam que ao lerem, imaginam que a história é minha, porque eu transmito aos personagens a fase em que estou na minha vida.
Mas não se engane, meus livros são ficção. Apenas gosto de retratar o cotidiano com detalhes e nuances que possam fazer o leitor se sentir parte da história. Em A cor que vive em mim, por exemplo, falo sobre a minha experiência de ser confundida com a babá do meu filho e não a mãe negra dele. Em Aos olhos de uma criança, resgatei minha infância e criei histórias de fantasia inspiradas nos desenhos de crianças que me enviaram.
Mas com meu sexto livro, Feto no meu ventre, que será lançado dia 15 de março de 2023 pela Editora Flyve, quero ir além. Quero abordar a cruel cobrança da sociedade sobre as mulheres que desejam ter uma família e uma carreira. É absurdo como as mães são criticadas e julgadas de forma tão desumana, enquanto os pais são vistos como heróis por fazerem exatamente a mesma coisa.
Meus livros não são apenas uma forma de entreter, mas sim uma maneira de provocar reflexões profundas e impactantes. Se, para isso, eu precisar compartilhar um pouco mais de mim, assim o farei. Porque, para mim, escrever é muito mais do que um trabalho. É uma forma de me expressar e me conectar com o mundo. É um processo terapêutico que me move e me inspira todos os dias.
Por Taynara Melo
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